segunda-feira, 22 de outubro de 2012


Quantos lados têm um sentimento?

Um suspirar profundo. Sentir que o ar  é dono dos pulmões, e que a vida não é mera coincidência.  Uma flor, a encantar a cada vez que sutilmente o vento a faz balançar, como se a cada brisa ela sorrisse e quisesse agradecer por tal sensação, a de liberdade, de contentamento.  Uma estrela cadente, que traz junto de sua súbita passagem um convite a lembrar de um dos desejos e o pedir para o nada, o tudo, ou para a simples sorte de ter desfrutado de tão súbita, tão inesperada visão, esperando que também essa sorte  seja companheira em tal pedido. O som de uma música,  a soar vagarosa e continuamente quebrando o silêncio de uma tarde monótona. O silêncio de uma noite, que ensurdece, traz consigo frio, que leva a sonhar vazio, num momento onde nada mais cabe a não ser o soar de uma voz, o passear de um cheiro. Um sorriso, que brilha, e dá segurança a um bem querer.  Um beijo dado meio ao luar, depois de dias de saudade. O infinito, colocado em palavras na tentativa de preencher uma hora. O tudo e o nada fazendo companhia um ao outro, e ambos se sentindo completos. Um meio termo entre o concreto e o abstrato, o real e o imaginário. Um sentimento e um dos seus lados, com face refém de circunstancias que definem um momento e um sentir é o que chama meu pensamento a dar uma resposta a tal questionamento. Quantos lados têm um sentimento?

Um sentimento não teria a meu ver lados, mas circunstancias que o definem perante outras circunstancias. Circunstancias em numero demasiado grande, cada uma dada pelo passar de um momento, que a define de acordo com a intensidade da emoção dos que o fazem. Ou seriam lados, que em paralelo, numa união perpendicular, ortogonal, que geometria nenhuma explica, fariam uma junção, e se fariam um só. Fato é que brincar com palavras também não é suficiente pra preencher um lado, na verdade faz-se também um, que também se pergunta quais são os outros. A verdade é que são lados com circunstancias peculiares, que o representam de acordo com o momento, e que não mais seriam definidas pelo momento e a intensidade dos que o fazem, mas o inverso, sendo a circunstancia definida pela essência de quem a faz, um fruto da visão de cada um sobre o que o cerca, e o momento uma conseqüência de circunstancias dadas pela circunstancia que sob o lado define o tempo e o espaço, e o modo com que as coisas se dão ao seu redor, assim, num reflexo direto do que se vê como sendo a circunstancia  a definir.

Ainda pode-se considerar que tudo depende do conceito que se tem de sentimento. O que seria sentimento do ponto de vista de quem está no meio do nada, olhando a lua no céu querendo se esconder atrás de nuvens, sendo que a lua era a única companhia do humilde observador? Nesse caso sentimento certamente não seria algo bom, que dirá algo que tem lados ou circunstâncias que se definiriam por outras circunstancias. Mas tem-se no contexto um exemplo do citado acima, se considerar-se que o humilde observador tem seus sentimentos, sua essência como sendo um lado, com circunstancias definidas pelo sentimento que ele tem ao observar sua solidão perante a possibilidade de ver a lua se esconder, definindo assim o momento em que a circunstancia  de seu sentimento seria refletida em demasiada tristeza, por estar só, ali, meio ao nada, e sem a lua. Portanto, são lados, com circunstancias que definem momentos que por sua vez dão-se a emoção, que por sua vez tem sua intensidade definida pela essência de cada um.

Mas, por outro ver, se a idéia fosse considerar quantidade de lados... Não seriam muitos. Muitas seriam as circunstâncias dadas por cada lado. 

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