segunda-feira, 1 de outubro de 2012


Desejo...

Entre horas em que por força da saudade passamos por cima das barreiras do limite e da razão, e somos levados a um ponto de encontro onde entrelaçados fazemos inexistente o mundo onde outrora nos fazíamos vida, e levamo-nos ao mundo abstrato, onde apenas sentimos, queremos, e nos damos à imperativa vontade de entregar-se por contentamento para aquilo que já não sabemos mais o que é, ou como é, mas que apenas tem poder sobre nós, nos tomando, a cada segundo que passa, o domínio dos sentidos, fazendo entregarmo-nos a intensidade e o prazer do toque, do cheiro envolvente, das palavras sussurradas meio ao desejo que,  já dono do momento,  faz arrepios, é quando somos levados a conhecer a dimensão do que temos entre o sonho e a majestoso e indecifrável prazer de sentirmo-nos também carne, a trocar calor, caricias. É quando em meio ao desconhecido, fala mais alto o desejo de sentir os corpos nus, entrelaçados de amor, e entregues ao momento como duas almas que, pelo domínio do desejo e da paixão, dão se a carne e o prazer. É ir ao infinito...

Um comentário:

  1. Extremamente EMOCIONADA’ (profundo texto)... E a pele fica ali, em suspenso, perdida entre o que é sentir e existir. Vem o toque, vêm os sons e tudo se configura numa espécie de horizonte infinito... Seu corpo... meu Cais, porque o entrelace sutil, em brasa misturava-se tanto que não se entendia que corpo era um. Os corações em batidas descompassadas. A respiração prenunciava uma melodia em compassos antagonicamente agressivos e ternos. Era uma mistura de tons e sons. De gostos e aromas. De corpos tumefeitos. As pupilas não desviavam uma da outra, tudo “uma troca”. O resto dos corpos se comunicava por si numa cadência de sintonia perfeita. As palavras já não cabiam. A comunicação era da carne e da alma. Era de sabores, odores e sensações. As temperaturas eram feitas de calor. E as expectativas de céu. Os desejos sugavam, mordiam, possuíam. Meu. O só meu... Era o cais de duas almas. Os corpos eram posse, era êxtase. Numa embriaguez inexplicável onde os olhos não se afugentavam. Os corpos e as almas continuavam a ser um só. E nenhuma testemunha a não ser aquela música ecoando pátulas ao sonho...

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